domingo, 24 de novembro de 2013

Pato começa no banco. E eu no sofá.

Jornalista esportivo – que nem sempre é JORNALISTA, diga-se – é um bicho esquisito. Cria expressões, bordões e modismos que lentamente vão sendo tragados pelos apreciadores do ludopédio, em especial. Muitas vezes são expressões tão bem boladas que acabam sendo levadas pra outros segmentos. Só pra ficar em único exemplo, cito este: “O dr. Fulano escalou o Zé pra fazer o meio de campo com aquele fornecedor...” Ainda na esteira sentimental, vale ilustrar: “Cara, a mulher ficou uma fera. É melhor vc nem aparecer agora. Deixa eu fazer esse meio de campo primeiro...” O INEVITÁVEL - E quando se misturam jornalistas, radialistas e outros “istas” em uma transmissão esportiva então, sai de baixo. Saem coisas engraçadas, quase sempre, mas o festival de besteiras parece inevitável. Eu poderia puxar de memória (sem o Google, juro!) algumas delas, mas vou me ater a uma. Trata-se de “pérola” que ainda não vi, nem ouvi, ninguém comentar. Se alguém já o fez, desconheço, mas, se não, vamos lá: “O PATO COMEÇA NO BANCO”. A ESCALAÇÃO - Ainda outro dia ouvia rádio ( que gosto – e muito !) e algum desses iluminados foi dar a escalação de Corinthians X Qualquer Coisa F.C. Com voz impostada e cheio de “firulas”, o repórter sai com esta: “E atenção torcedor, vamos antecipar a escalação aqui na rádio XYZ anunciando que Pato começará no banco”. P,,, - Caracoles !!! Eu tinha escutado certinho da primeira vez. Aí pensei: porra, se o Pato vai começar no banco, o Zé vai começar na arquibancada e eu... e eu... bem... eu começarei no sofá porque também não quero ficar fora desse jogo, embora ganhe menos que o jogador em questão e algum dia já me chamaram de pato tb. Mas essa é outra história. Enfim, voltando à escalação: o locutor vai começar na cabine e o bandeirinha começará do lado de fora da linha demarcatória... PADRÃO FIFA - Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeuuuu... futebol é uma coisa que se joga em pé! E se o cara “começará assistindo”, do lado de fora, ele NÃO COMEÇA. Nem eu e nem o Zé da arquibancada. Até porque o cara que o repórter faz questão de dizer que “começa no banco”, pode “começar e terminar no banco”. Logo, o cara NÃO JOGOU. Só ficou torcendo, igual a eu e ao Zé. CHUP CHUP - Mas como desgraça pouca é bobagem... ouvi um outro repórter, de uma outra emissora, dizer a mesmíssima coisa. É um tal de um chupar o outro que só vendo... Ou melhor, é um tal de um copiar o outro (fica mais pudico) que dá vontade de chorar. Buenas, está feito o registro. Agora vou me aprumar porque daqui a pouco começa a porfia, com os elencos perfilados fingindo que cantam o hino pátrio. Imagino que o “facultativo” - atento a qualquer sinal de pubalgia e/ou de contratura do músculo adutor da coxa de seus craques – faça como eu, o Zé e o Pato, comece do lado de fora, ao lado do “Professor” e do preparador físico (outrora chamado de “fisicultor” pelos ´latinhas´) que andou puxando muito no treino regenerativo de véspera...

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ARTIGO - Dumping-parceiro, ou o lobo chegando em pele de cordeiro.

Dumping-parceiro, ou o lobo chegando em pele de cordeiro. (*) Por Nelson Tucci Dump, no dicionário Collins inglês-português é “depósito de lixo”. A palavra dumping, que deriva da inicial, é uma odiosa prática comercial que algumas empresas (quando não amparadas por governos e outras instituições) praticam para destruir a concorrência de uma forma, digamos, nada ortodoxa. Parte I - Uma empresa pode ter o custo de US$ 10 para produzir um determinado manufaturado. Quando ela quer “ganhar market share de forma agressiva”, passa a comercializá-lo por US$ 8, em seu mercado interno. Ou ainda, tem custo de fabricação de US$ 10 e o exporta a US$ 7. Na prática a empresa em questão está vendendo algo abaixo do seu próprio custo de produção. E qual a lógica nisso? A lógica é perversa: massacrar a concorrência. Ou seja, ninguém terá condições de competir com tal empresa. Parte II – Feito o estrago, a predadora em questão ficará sozinha no mercado. E recorrendo à fauna literária novamente, é chegada a hora de a onça beber água. E ela vai beber “toda a água” que encontrar, porque não terá escrúpulos de colocar o mercado consumidor de joelhos, ditando preços, condições de pagamento, qualidade do produto etc quando se sentir sozinha e confortável... A prática é tão antiga e perniciosa que governos do mundo todo, praticamente, têm leis de combate ao dumping. Até aqui referi-me ao ´dumping tradicional´. Mas e os outros que permeiam as nossas relações no dia a dia, travestidos de “parcerias”? O que são, como são, como prejudicam empresas, pessoas, governos? Vamos a eles. Organizações (sejam empresas, ONGs, Associações ou Sindicatos) têm um elenco de fornecedores e clientes. Na lógica comercial, contratam insumos e serviços e se valem destes para o seu desempenho no mercado. Isto é, compram matéria-prima, insumos e serviços de assessoria jurídica, de marketing ou de comunicação, por exemplo. Quando uma assessoria de comunicação se oferece a uma determinada empresa, ou associação, para trabalhar de graça só para “limar a concorrência”, ela estaria fazendo o quê mesmo? Praticando o que chamei de `dumping-parceria´. Além de faltar com a ética concorrencial, sendo uma voraz predadora de mercado, esta deixa de recolher impostos e a qualquer tempo vai largar o cliente na mão porque se não pingar grana, ela relaxa no serviço e o abandona. Ninguém trabalha “de graça” o tempo todo. Até porque o “de graça” significa botar dinheiro do bolso com telefone, internet, pessoal, transporte, refeições etc. Portanto, se você é dirigente de uma organização fique de olhos bem abertos com estes lobos/as de voz doce. Por debaixo da mesa eles escondem mãos peludas. Caso a sua organização esteja se doando a parceria do tipo, estará sendo no mínimo conivente. E, convenhamos, falta de ética neste momento da vida nacional é algo de que efetivamente não precisamos. (*) Nelson Tucci é jornalista, com extensão em Meio Ambiente pela ECA-USP; pós-graduado em Comunicação e Relações com Investidores pela FIPECAFI (FEA-USP), diretor da Virtual Comunicação, membro da Comissão Brasileira do Relato Integrado e palestrante. Publicado em 05.11.2013 - JEN http://www.jornalempresasenegocios.com.br/reencantando_05_11_2013.html