domingo, 17 de junho de 2018

Perdeu, Ladrão !

Sabe aquela vontade que tínhamos de assistir aos jogos do Brasil e que nos foi surrupiada nos últimos tempos? Ela voltou. De forma mágica e pragmática ao mesmo tempo. Como assim, véi? - alguém há de perguntar... Mágica, porque torcer pelo Brasil é um sentimento inato dos nossos irmãos. É coisa de brasileiro. De gente que nasce no Brasil, que cresce no Brasil, que se apaixona tanto pelo Brasil que até briga e dá porrada a “três por dois” em um monte de gente da terra pra reivindicar coisas que lhe são de direito. Mas não me venha alguém de fora meter o bedelho por aqui e querer falar mal do país também, como se dele fosse, que aí a gente vira bicho e mete porrada no intruso, defendendo as cores do nosso coração. É tipo família, sabe? A gente conhece bem “o eleitorado”, briga, briga e briga internamente, pra tentar corrigir o que acha de errado. Mas se vier alguém de fora e quiser falar mal dos nossos, ah... comprou uma briga feia.

Esta mágica pelo Brasil que nos apaixona, que nos emociona, também é extensiva a tantos brasileiros que adotaram a nossa terra, o nosso chão, o Pavilhão Nacional, e dele faz a sua Pátria. Uma vez – eu, ainda adolescente – ouvi isto de um “ex-gringo”, em uma discussão sobre brasilidade com um patrício: “Saiba que sou mais brasileiro que você. Porque você nasceu aqui e é brasileiro por acaso, mas eu escolhi ser brasileiro e vou defender o Brasil até o fim da minha vida!”.

Saindo do mágico e indo para o pragmático: a Seleção de hoje personifica o espírito brasileiro. A Comissão Técnica capitaneada pelo Tite é um exemplo daquilo que nós – pessoas de bem – queremos para o Brasil: vitórias conquistadas com honestidade, trabalho com transparência e satisfação de ver resultados construídos com esforço e dedicação. O time que logo mais entrará em campo é produto desta filosofia: transparência. E por isto mesmo hoje jogadores e torcedores têm orgulho de torcer pelo Brasil. Mas... Peraí. Agora não tem mais nem menos. Aos ladrões de sonhos, que um dia se fizeram de “donos” das cores da Bandeira que vão tomar bem no fundo da sua cozinha... um belo quentão pra esquentar a alma porque isto pode lhes curar certas dores. Aos ladrões de sonhos, amargos, que renegaram as cores da Bandeira como que se nada do que representa o país pudesse ser incorporado ao dia a dia de quem gosta do Brasil que vão tomar no devido buteco um copo de vinagre. Ladrões do amarelo, ladrões do verde, ladrões do azul e do branco da paz que a todos devemos nos permitir, informo: vocês perderam. Ladrões de sonhos, que hoje querem desfilar “de camisa preta igual a do goleiro”, como certo jornalista militante escreveu, “pra fugir da camisa amarela do pato”, perderam. Gente que pinta o Brasil com as suas cores, querendo confundir a Nação, colocando um movimentozinho qualquer acima de uma Nação, lamento: Você perdeu, imbecil.

Não estou aqui, hoje, pra discutir o amarelo “do ouro”, “do brazão da família Orleans e Bragança”, ou o que representa lá na China... Também não estou com paciência pra discutir com nenhum cretino fundamental (parafraseando Nelson Rodrigues) o “preto” como cor das milícias negras, de triste inspiração fascista, ou o “verde” dos integralistas. Eu só sei que o povo brasileiro hoje está com mais tesão pela seleção do que tinha nas duas ou três últimas copas.

Nestes últimos dias passei por Santa Catarina e vi, de soslaio, também no Paraná, muitas bandeiras verde-amarelas remetendo ao “futebol da Copa”. Aqui no meu bairro, em Sampa, até uma senhorinha evangélica, simpática e sempre na dela, decorou a fachada da sua papelaria com bandeirinhas verde-amarelas. Passei por vários postos de combustível, bares e restaurantes nos 700 KM que separam São Paulo e Floripa e muitossss deles decorados. Parei num desses para almoçar, na volta, assistindo ao jogo de estreia da Rússia. Nas mesas, o povo palpitava, comentando o “jogo russo”, sem provavelmente nunca ter visto um russo jogar bola na vida. E, claro, se falava do jogo de domingo do Brasil também.

Vejo algumas crianças e muitos adultos (coisa que não via há tempos) de camisa amarela, com o nome do Neymar, do Paulinho, do Coutinho... Senhores ladrões de sonhos, vocês perderam. E vão tomar nos seus devidos butecos aquilo que lhes aplaca a raiva ou a sustenta – problema de vocês, porque a raiva com as cores da camisa é sua e não minha. O problema é todinho de vocês, insisto. E vocês perderam a guerra das cores, porque hoje tem Brasil, a Seleção canarinho acima das paixões, clubísticas inclusive. Hoje eu vou torcer pelo capitão Marcelo, um jogador fino de bola e com relevância no time, porque é a partir do espírito do Marcelo que se incendiarão os demais. Que venha a Suíça, a Costa Rica, a Sérbia e quem mais tiver garrafa pra trocar. E se algum Thiago da vida chorar, que seja de felicidade. #VaiBrasil.