quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

ARTIGO - A comunicação para crise requer solidariedade e cooperação

"A comunicação para crise requer solidariedade e cooperação" é artigo do mestre em comunicação, consultor de sustentabilidade e presidente do Conrerp SP-PR, Cláudio Andrade. (o texto é replicado com a devida autorização deste meu amigo).

O grande assombro da atual crise econômica passou. Agora é hora de fazer uma profunda análise para ver o que esse episódio baliza em nossa sociedade e quais processos foram afetados. Uma coisa é certa, essa questão vai além do modelo econômico que se vive. Diferentemente da tão falada e comparada crise de 1929, esta é uma crise de percepção, que pede uma releitura de valores e princípios.

Possíveis responsáveis pelos últimos abalos econômicos são apontados a todo instante. A revista Time indicou 25 deles na matéria “Os rostos da crise”. Aos olhos dos mais atentos, esse estudo chama atenção para o fato de que ao mesmo tempo em que especialistas procuram razões para esse momento crítico ter se iniciado, outras milhares de pessoas continuam criando tecnologias e desenvolvendo conhecimento. Qual a relação que temos aqui? Na verdade, são maneiras distintas de olhar para um mesmo problema, todavia uma decisão estratégica de onde colocar a força gerada pela busca, seja na causa, seja na consequência. Portanto, essencialmente, essa crise que o mundo presencia pode ser considerada como uma escolha e um ato de percepção. Alguns preferirão resolver rapidamente a questão com demissões e redução de produção e outros com criatividade e soluções conjuntas.

É, sem dúvida, concreta essa crise do ponto de vista econômico, contudo, envolve aí uma revolução também concreta e decisiva de mentalidade de fazer negócios e reduzir seus efeitos colaterais. É uma grande oportunidade para refletir sobre a contribuição da comunicação como processo de cooperação, principalmente como deflagradora de uma cultura menos insustentável. A comunicação de modo estratégico possibilita a criação de futuros conjuntos e oferece ferramentas para pensar e agir com maior propriedade e coerência. Torna a empresa imbatível adquirindo proveito competitivo crescente, inclusive, muitas vezes, com baixo ou nenhum investimento de ação de marketing. Um bom caminho é atentar para a comunicação com stakeholders e aprender com a experiência de todos nós como parte da solução.

Sem intenção de oferecer receita, mas contribuir com essa reflexão e ampliar a discussão, segue aqui uma pauta:

1 - mobilizar o indivíduo para agir coletivamente;

2 - estimular a crença nos objetivos comuns;

3 - estabelecer a ação comunicativa: não existe estratégia que se sustente quando não há diálogo e, não há diálogo em ambientes de contradições pessoais e profissionais;

4 - desenvolver a capacidade da visão sistêmica considerando a diversidade da realidade;

5 - contribuir com o aporte interdisciplinar para a geração de conhecimento;

6 - integrar a cadeia de valor para adquirir cooperação.

O que digo é que devemos provocar em nossas empresas e organizações uma nova visão de superação em momentos de crise. É esse o maior desafio, olhar para a comunicação como mecanismo de redução da complexidade do mundo e tornar as pessoas mais treinadas para fazer a relação entre as coisas. Dessa forma, atuaremos mais nas causas e menos nas consequências. A caixa de ferramentas das empresas e as decisões imediatas resolvem, mas não solucionam.

Somos todos parte indissociável desse processo. Funcionários, clientes, acionistas, fornecedores, consumidores. Um elo rompido provocará impacto em toda a rede. Quem azeita esses elos e permite que não se rompam é a comunicação, principalmente no interior da cultura organizacional, local onde ocorrem as verdadeiras mudanças desejadas.

Na concretização dos ideais corporativos, são as ações articuladas que determinam as qualidades individuais e profissionais, assumindo papel preponderante de preservação organizacional. Portanto, a comunicação – principalmente em tempos de crise, será decisiva para a formação de propósitos comuns. Solidariedade e cooperação: conceitos inseparáveis para superar qualquer crise.