segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Carta Aberta a Arthur Zanetti

http://www.plurale.com.br/site/noticias-detalhes.php?cod=15053&codSecao=2

Caro Arthur Zanetti,

No presente, nossos olhos e ouvidos têm sido torturados por uma série quase interminável de escândalos. É roubo atrás de roubo. Nem talheres os cleptomaníacos têm perdoado. Tampouco a merenda das crianças. Uns roubam na cara dura e saem dando risada, outros procuram ficar “na migué” enterrando as doletas nos paraísos.

O futebol, que por muitos e muitos anos encantou e alegrou gerações, já não é o mesmo faz algum tempo. Até isso conseguiram estragar. Vemos de denúncias de escândalos na base de times grandes, de vendas de jogadores inadequadamente contabilizadas a roubo de medalhinha de juniores. Sem contar com a pífia atuação, diametralmente oposta aos egos cada vez maiores de uns moleques tolos que ficam ricos do dia pra noite. O desrespeito tem sido quase uma constante com os brasileiros normais, aqueles que trabalham e buscam ter uma vida decente.

Mas, em meio a tanta falcatrua e desencanto... a gente peneirando sabe que encontra boas pedras em solo pátrio. Afinal, o Brasil é grande demais para um bando de lacaios ser considerado seu representante. O Brasil tem gente decente. E muita ! O nosso Brasil tem gente como você, Arthur, pessoa humilde, séria e que trabalha permanentemente para se aprimorar e defender dignamente o pão de cada dia. Uma vez mais o atleta nos mostra altíssima performance profissional que a todos enche de satisfação. Medalha de Ouro em Londres, não perdeu o pique; nem a simplicidade.

Ainda me lembro de quando o entrevistei, há quatro anos, e você me contava como dividia o quarto com seu irmão, da simplicidade da família etc. Falei com o Marcos Goto também, seu técnico, em São Caetano do Sul (nesta Olimpíada, Goto foi técnico de Zanetti e de Diego Hypólito, medalhista na ginástica). Nesta mesma época conheci um outro campeão, pessoa absolutamente admirável: Servílio de Oliveira. Pela oportunidade da Rio 2016, decidimos, a editora de Plurale – Sônia Araripe – e eu, republicar a matéria porque estava razoavelmente bem escrita e refletia o OURO PURO que tínhamos em mãos. Não o ouro em medalha, ou em barra, mas em matéria-prima jornalística. (Leia em Plurale )

Você, Zanetti, nos faz maiores a cada aparição. És o exemplo para as gerações atuais e futuras, de que a honestidade de princípios vale a pena. Com seu gesto firme e contagiante alegria, com suas palavras simples e diretas, volta a nos encantar. Você é um gigante! Ganhar mais uma medalha para a sua carreira é importante, mas para nós, leitores e meros acompanhantes do esporte, a cor da medalha, ou a existência desta, não faz diferença.

Saber que existe no nosso time um atleta de altíssimo nível e um homem íntegro como você já é o suficiente. Zanetti, você lavou a alma de uma legião de brasileiros. Assistir ao ginásio todo te aplaudir, e ver gente chorando, para mim valeu muito. Obrigadíssimo, meu brother. Sou grato por tê-lo entrevistado e por ser o seu compatriota. E quando quiser continuar aquele papo de irmos juntos a Floripa, ainda está de pé.

Receba o meu abraço e admiração,

Nelson Tucci, brasileiro e jornalista.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A sustentabilidade mora em nós

Veja ARTIGO publicado hoje (25/07) no site de Plurale: "A sustentabilidade mora em nós"

http://www.plurale.com.br/site/noticias-detalhes.php?cod=15007&codSecao=2

domingo, 10 de abril de 2016

O bêbado e a equilibrista

BRASIL, 10 de Abril de 2016.

Era uma vez...

Bem, deixa prá lá. O título é autoexplicativo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Piancó. O pássaro cantou, bafômetro nele!

Em posts esparsos, já defendi o uso do bafômetro para toda figura pública que fala ao léu ou em discurso oficial. Confesso que a “inspiração” veio da própria História do Brasil. Ela nos dá, com perdão da expressão, ricos exemplos.

Como repórter, entrevistei presidente da República, governador, ministro, deputado, prefeito, vereador e aspone. Passei pela Assembleia Legislativa paulista e cobri sessões de Câmaras Municipais por vários anos. Não me dei ao trabalho de tabular determinados dados baseados em certos comportamentos, por isso hoje só de memória não conseguirei contabilizar se na vida profissional conheci mais bêbados ou mentirosos.

Se uma pesquisa de minha lavra sobre o tema talvez fosse improdutiva para a vida nacional, neste post então não fará a menor falta. Apenas reitero a questão do bafômetro, entendendo-o mais eficaz que folclórico. E uma vez que nos tempos atuais cobramos transparência o tempo todo, por que não o bafômetro para as pessoas públicas antes delas se expressarem? Isto porque a depender da declaração pública de uma autoridade, o tropeço etílico pode gerar um solavanco enorme.

Passado o Carnaval, tradicional festa pagã religiosamente comemorada por todos (seja rasgando a fantasia, seja em “retiro espiritual” ou qualquer outra expressão que se queira utilizar), inclusive pelo Congresso Nacional que se autoaplicou 12 dias de recesso no período, a vida vai retomando o que consideramos normalidade.

Dentro desta normalidade, estão de volta ao trabalho os ilustres vereadores de Piancó (significa “pássaro que canta, em língua indígena”, segundo a internet...). Cidade de 15.000 habitantes, no interior da Paraíba, onde mais de 90% se declaram católicos, tem se notabilizado por uma questão insólita: a Câmara Municipal comprou um bafômetro para uso da própria Edilidade.

A ideia e iniciativa da compra do bafômetro partiu do presidente do Legislativo local, vereador Pedro Aureliano da Silva, alegando a intenção de “acabar com as brigas ríspidas entre os vereadores” que, segundo ele, muitas vezes são causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas. “Pelas atitudes de alguns vereadores, a gente suspeitava que eles estavam sob efeito de álcool”, disse o presidente à imprensa.

Como que chancelando as palavras do “nobre colega” (tratamento usual entre os parlamentares), em entrevista à TV Paraíba, um dos ilustres vereadores admitiu que faz uso de bebidas alcoólicas diariamente, “por recomendação médica”. O vereador Antônio Azevedo Xavier, garantiu que não é o único a fazer isso. “Todos os parlamentares aqui bebem. Eu mesmo tomo cinco ou seis doses de uísque por dia, mas por recomendação do meu cardiologista”, disparou.

Adquirido em outubro passado, ao preço de R$ 1.605,00, o bafômetro agora volta a ser o centro das atenções na cidade, porque o presidente da câmara pretende submeter os “nobres colegas” ao teste, sempre que estes forem suspeitos de estar sob efeito de álcool. A Mesa Diretora deverá elaborar as regras para o uso do teste de alcoolemia.

Não sei no que vai dar este episódio, seja no plano local ou como exemplo de atitude incentivadora do decoro em nível nacional, mas confesso que fiquei ouriçado com a notícia.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

ARTIGO - A comunicação para crise requer solidariedade e cooperação

"A comunicação para crise requer solidariedade e cooperação" é artigo do mestre em comunicação, consultor de sustentabilidade e presidente do Conrerp SP-PR, Cláudio Andrade. (o texto é replicado com a devida autorização deste meu amigo).

O grande assombro da atual crise econômica passou. Agora é hora de fazer uma profunda análise para ver o que esse episódio baliza em nossa sociedade e quais processos foram afetados. Uma coisa é certa, essa questão vai além do modelo econômico que se vive. Diferentemente da tão falada e comparada crise de 1929, esta é uma crise de percepção, que pede uma releitura de valores e princípios.

Possíveis responsáveis pelos últimos abalos econômicos são apontados a todo instante. A revista Time indicou 25 deles na matéria “Os rostos da crise”. Aos olhos dos mais atentos, esse estudo chama atenção para o fato de que ao mesmo tempo em que especialistas procuram razões para esse momento crítico ter se iniciado, outras milhares de pessoas continuam criando tecnologias e desenvolvendo conhecimento. Qual a relação que temos aqui? Na verdade, são maneiras distintas de olhar para um mesmo problema, todavia uma decisão estratégica de onde colocar a força gerada pela busca, seja na causa, seja na consequência. Portanto, essencialmente, essa crise que o mundo presencia pode ser considerada como uma escolha e um ato de percepção. Alguns preferirão resolver rapidamente a questão com demissões e redução de produção e outros com criatividade e soluções conjuntas.

É, sem dúvida, concreta essa crise do ponto de vista econômico, contudo, envolve aí uma revolução também concreta e decisiva de mentalidade de fazer negócios e reduzir seus efeitos colaterais. É uma grande oportunidade para refletir sobre a contribuição da comunicação como processo de cooperação, principalmente como deflagradora de uma cultura menos insustentável. A comunicação de modo estratégico possibilita a criação de futuros conjuntos e oferece ferramentas para pensar e agir com maior propriedade e coerência. Torna a empresa imbatível adquirindo proveito competitivo crescente, inclusive, muitas vezes, com baixo ou nenhum investimento de ação de marketing. Um bom caminho é atentar para a comunicação com stakeholders e aprender com a experiência de todos nós como parte da solução.

Sem intenção de oferecer receita, mas contribuir com essa reflexão e ampliar a discussão, segue aqui uma pauta:

1 - mobilizar o indivíduo para agir coletivamente;

2 - estimular a crença nos objetivos comuns;

3 - estabelecer a ação comunicativa: não existe estratégia que se sustente quando não há diálogo e, não há diálogo em ambientes de contradições pessoais e profissionais;

4 - desenvolver a capacidade da visão sistêmica considerando a diversidade da realidade;

5 - contribuir com o aporte interdisciplinar para a geração de conhecimento;

6 - integrar a cadeia de valor para adquirir cooperação.

O que digo é que devemos provocar em nossas empresas e organizações uma nova visão de superação em momentos de crise. É esse o maior desafio, olhar para a comunicação como mecanismo de redução da complexidade do mundo e tornar as pessoas mais treinadas para fazer a relação entre as coisas. Dessa forma, atuaremos mais nas causas e menos nas consequências. A caixa de ferramentas das empresas e as decisões imediatas resolvem, mas não solucionam.

Somos todos parte indissociável desse processo. Funcionários, clientes, acionistas, fornecedores, consumidores. Um elo rompido provocará impacto em toda a rede. Quem azeita esses elos e permite que não se rompam é a comunicação, principalmente no interior da cultura organizacional, local onde ocorrem as verdadeiras mudanças desejadas.

Na concretização dos ideais corporativos, são as ações articuladas que determinam as qualidades individuais e profissionais, assumindo papel preponderante de preservação organizacional. Portanto, a comunicação – principalmente em tempos de crise, será decisiva para a formação de propósitos comuns. Solidariedade e cooperação: conceitos inseparáveis para superar qualquer crise.