sábado, 17 de julho de 2010

Uma criança morreu.

Uma criança morreu !!!

Sempre que nasce uma criança o mundo renova a esperança. É a esperança de que um novo dia, um novo tempo está começando. Com uma nova criança, o mundo torna-se mais alegre e cheio de vida.

Na outra ponta, sempre que morre uma criança o mundo mais pobre, mesquinho, desertificado de alma. O mundo fica menor.

Sou pai, por isso choro (literalmente, e não apenas de forma metafórica) a morte de Wesley Rodrigues de Oliveira, um garoto de apenas 11 aninhos, assassinado covardemente por aquilo que se convencionou classificar de “bala perdida”.

Wesley foi atingido por volta de 8h30 da sexta-feira 16 de julho, enquanto assistia a uma aula no Centro Integrado de Educação Pública (o Ciep, outrora conhecido como Brizolão) Rubens Gomes, no bairro de Barros Filho, zona norte da capital fluminense.

Por estes dados dá para se imaginar, com facilidade, que se tratava de criança pobre. Por isso a indignação é menor. O barulho é pequenino, minúsculo, imperceptível, facilmente abafado pelo choro de seus pais, parentes, amiguinhos de 9, 10, 11 aninhos que ainda tentam entender a vida.

Afasta-se o comandante da PM, suspende-se as aulas na sexta e... e... o que mais ??? Mais nada. QUANTA INDIFERENÇA DA SOCIEDADE. QUANTA COVARDIA.

Nesse mesmo dia houve um grande comício na cidade, em favor de candidatos políticos à próxima eleição, com direito a fogos de artifício e papel picado. Neste final de semana teremos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol, shows, espetáculos, campeonatos aquáticos, os motéis funcionarão normalmente, shoppings centers idem, o riso correrá solto pelas mesas de botecos da cidade. Para quem não conheceu Wesley a vida “está normal”.

Somente uns poucos pobres irão silenciar, curtir a dor e tentar entender em que mundo vivemos. Roubaram a vida de uma criança. Wesley não teve chance de crescer e mostrar o seu valor. Uma criança morreu. MEU DEUS !!! Que a mão divina seja piedosa com o menino e que ajude seus pais e amigos a suportar tanta dor. Eu já perdi um filho bem pequenininho (por infecção hospitalar) e sei o que é dor. Esse sentimento não está descrito em lugar nenhum, porque é impossível quantificá-lo. Essa dor não passa nunca mais. Com o tempo, ela para de latejar; mas nunca mais vai parar de doer.

Nesse instante, em que deixo algumas lágrimas entre as palavras, tenho vergonha de ser brasileiro. O Rio de Janeiro está a cada dia menor. O Brasil fica mais e mais pequenininho no Planeta. O mundo, que já era pequeno, certamente ficou menor. Agora eu choro. E pergunto: até quando essa sociedade será tão covarde e omissa? Uma criança morreu. A Humanidade vai morrendo um pouquinho também.

Um comentário:

  1. Ontem soube desta triste notícia...Comentei com minha filha(que tem 16 anos),ambas ficamos estarrecidas e revoltadas.

    É Nelson,vc disse tudo...não preciso complementar absolutamente nada.
    E o pior é saber que as pessoas estão se "acostumando" a isto,como se fosse algo simples e que acontece todo dia.

    Assim com vc,me coloco no lugar dos pais,familiares e amigos desta criança,que ontem deixou de ser criança porque um tiro roubou sua vida de assalto.

    Deus que olhe por esta família e por tantas outras que tem passado por isto...

    Um dia a mão de Deus vai pesar! Ah vai!

    ...e assim a vida "continua" ...Até quando??

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